quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

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Professora Maria Corrêa Saad
Garuvense de Coração, Mestre por Vocação

Série Garuvenses Ilustres- Nº 01
Prof.ª Maria Corrêa Saad
Por Edevânio Francisconi Arceno
31/01/2011

A Professora Maria Corrêa Saad, vislumbrou o nascimento de um município ajudando-o a construir sua História. Perseverante e abnegada, sempre lutou pelo direito à educação para todos. Por tudo isso, a Professora Maria Corrêa Saad é o trabalho Nº 01 da Série: Garuvenses Ilustres.
“Espero ver este município cada vez mais progressivo, nada desejando para mim, mas para o bem do povo de Garuva.” (Maria Corrêa Saad. 1903-1993)



1) Introdução

Lembrar das gerações passadas está mais difícil, pois as novidades surgem numa velocidade cada vez maior, e diante disto, como refletir sobre o passado se não temos tempo para assimilar o presente. Entretanto, sem conhecer o passado, é impossível compreender as mazelas étnico-sociais da atualidade como, por exemplo, o ódio entre judeus e palestinos, iranianos e estadudinenses, paquistaneses e indianos, entre outros.

Além disso, conhecer nossa história é uma forma de reconhecer os que lutaram para que hoje pudéssemos ter mais tecnologias, comodidades, liberdade, enfim uma série de conquistas que somente daríamos o devido valor se não as tivessem mais.

Mas como conhecer nosso passado, senão há registros? Como haverá registros, se não tiver quem os compile e faça! Durante nossa graduação, este fato chamou-nos a atenção, pois na disciplina de “História Local”, percebemos que alguns municípios catarinenses, entre eles Garuva, são carentes de registros históricos. Não queremos dizer que não exista, porém às novas gerações estão com dificuldades de acessá-las, no entanto nunca é tarde para começar.

No dia 20 de Dezembro de 2007, no aniversário de 44 anos do município de Garuva, o professor e historiador Gleison Vieira, lançou um livro intitulado: “Porto Barrancos, Berço de Garuva”. A publicação deste livro suscitou personagens históricos, que haviam sido esquecidos pelo tempo, sem que tivéssemos a chance de conhecer um pouco da vida e da obra destes heróis e heroínas, que construíram este município com muito trabalho, suor e lágrimas.

Em Julho de 2008, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco da vida de uma destas personalidades. A professora Márcia Nagel nos emprestou uma cópia de uma autobiografia manuscrita da professora Maria Corrêa Saad. Ficamos impressionados com a maravilhosa história de persistência e abnegação dessa professora em prol da educação e do município garuvense.

No ano letivo de 2009, lançamos um desafio aos alunos das oitavas séries, da Escola Municipal Vicente Vieira, o tema do trabalho era, “A História da Minha Rua”. O Objetivo era fazer que através de pesquisas eles pudessem conhecer um pouco mais sobre nossos fundadores. Muitos alunos ficaram impressionados quando souberam que as ruas como Antonio Ladislau de Araújo, Carlos Borges, Elias Nicolau Saad, entre outras, assim foram chamadas para homenagear pessoas que ajudaram na construção do município de Garuva.

O trabalho da aluna Samanta Regina Gonçalves Duarte, foi sobre a história da Estrada Geral do Palmital. Apesar da bela redação e das fotos antigas, o que mais nos chamou a atenção foi o seguinte trecho:

[...] Na minha rua existia uma Igreja católica antiga de madeira e ao seu lado uma escolinha de bambu, minha mãe estudou na escolinha [...] Depois desmancharam a escolinha, e fizeram uma escola de material que se chamou Maria Corrêa Saad, o nome foi dado devido a uma professora que dava aula ali. [...]” (Samanta Regina Gonçalves Duarte. 2009)

Ela não fazia idéia de quem foi a professora Maria Corrêa Saad, tão pouco da importância da sua existência, não somente para a educação como também para o próprio município de Garuva. Não sabia desta importância por que ninguém lhe disse nada sobre ela. Inclusive o próprio professor de História que a conhecia, mas não a registrou.

Apesar de consultar as mais variadas fontes, nosso trabalho está fundamentado na autobiografia manuscrita da Professora Maria Corrêa Saad, confeccionada entre os anos de 1983 e 1984. Se você conhece a história da professora Maria Corrêa Saad tanto quanto a jovem Samanta, continue lendo este trabalho. Apesar de não ter a pretensão de ser uma biografia, fará o possível para não deixar que se apague da nossa história, esta incansável pioneira.



2) A colonização de Garuva

Em 1842, a Península do Saí, se tonou referência nacional por ser o único local do país a tentar implantar um Falanstério, uma espécie de comunidade socialista. Sob a Coordenação do Doutor Benoit Jules de Mure, conceituado médico homeopata, iniciou-se uma campanha para implantar uma comunidade baseada nos fundamentos e ideais do Francês Charles Fourier, que vislumbrou um lugar onde as pessoas poderiam viver em igualdade.

Escolheu um local na província de Santa Catarina e após ser autorizado pelo Imperador D. Pedro II, o grupo de cooperativistas composto de 217 franceses, chegou à Península do Saí e se dividiu entre às margens do Palmital e a orla da Vila da Glória.

O grupo do Palmital foi liderado pelo Sr. Michel-Marie Derrion (1803-1850) enquanto que o outro grupo era liderado pelo próprio Doutor Benoit Jules de Mure.[1]

As dificuldades devido ao clima, a falta de conhecimento agrícola e as divergências entre os colonizadores, culminou no fim da comunidade socialista e conseqüentemente na colonização daquela região.


3) O Nascimento Entre Nossa Terra e Nossa Gente!

Apesar do aparente fracasso da tentativa francesa de colonizar aquelas terras, a partir de 1888 outras pessoas tentaram esta proeza e assim uma nova tentativa de colonização se iniciou.

Entre estes pioneiros, estava um jovem topógrafo que se instalou no Saí Mirim, em terras que na época pertenciam ao município de São Francisco do Sul. Foi trabalhar com o novo responsável pela colonização o Sr. Manoel de Freitas Cardoso. Logo foi chegando outras famílias na Colônia, entre elas, a família do João Rassweiler, pai de Maria Gertrudes Rassweiler, com quem Antonio se casaria logo depois.

A próxima família que chegou ao Sai Mirim, foi a do Sr Henrique Kerchofer, depois a do Sr Germano Speck, a seguir seu João Gerken e os irmãos João e José Backmeyr, entre outros. As famílias eram de origem alemã e a maioria delas cultivava a cana-de-açúcar.

Aos nove dias do mês de abril do ano de mil novecentos e três, na localidade do Saí Mirim, na residência do Sr. Antonio Agostinho Corrêa da Silva e Maria Gertrudes da Silva, nasceu a pequena menina Maria Corrêa da Silva.

Os anos foram passando e o bom relacionamento entre o topógrafo Antonio e o responsável pela colonização Manoel Cardoso, permitiu que a pequena Maria freqüentasse a casa do Sr. Manoel, onde recebia aulas particulares ministradas pela sua esposa, a Sra. Marieta de Freitas Cardoso.

No ano de 1910, Antonio Agostinho Corrêa da Silva, mudou-se com sua família para a Freguesia da Glória, hoje Vila da Glória e ainda Distrito de São Francisco do Sul, onde abriu uma casa comercial.

Longe das aulas particulares da Dona Marieta, a pequena Maria continuou seus estudos na Escola Estadual da Dona Dária da Graça Soares Alves, onde estudou até a terceira série primária.
Para muitas crianças, principalmente as meninas, nesta fase abandonavam os estudos, pois sabiam ler e escrever, e isto era o suficiente para as tarefas da casa. Porém, a pequena Maria desejava cada vez mais receber uma boa educação. Apesar da sua escola não oferecer aulas além da terceira série, ela continuou seus estudos com aulas particulares da Sra. Amália Leal Ledoux.

Para que pudesse continuar seus estudos, a menina Maria teve que mudar de horizontes, pois São Francisco do Sul ainda não tinha uma escola secundarista. A escola mais antiga de São Francisco do Sul é a Escola Estadual Felipe Schmidt, fundada apenas em 28 de Setembro de 1918, diante disto mudou-se para Joinville.

Na cidade catarinense de Joinville, freqüentou a Escola Preparatória para Formação de Professores sob a orientação da Inspetoria Federal e do Diretor das Escolas Subvencionadas pelo Governo Federal.

Em 1919, mesmo tendo concluído o curso e sendo aprovada, a jovem Maria teve que regressar para a casa de seus pais, pois ainda não tinha completado 18 anos. Inconformada com aquela situação, ela retornou e logo abriu uma pequena escola particular para menores com até seis anos, uma espécie de pré-escolar.

A escola estava indo tão bem que não demorou muito para receber a visita inesperada do Inspetor Escolar, uma espécie de secretário da Educação daquela época. Ele ficou tão satisfeito com o trabalho desenvolvido pela jovem educadora, que a convidou para trabalhar em uma escola subvencionada pelo Governo Federal na Estrada Bananal, hoje município de Guaramirim - SC.

A professora Maria Corrêa da Silva, mal podia acreditar naquela proposta, pois não esperava que fosse tão cedo iniciar oficialmente sua missão e se tornar uma Educadora. Aceitou o convite em 1921 e foi nomeada para dirigir a escola subvencionada pelo Governo Federal na Estrada Bananal.



4) Os Franceses Voltaram

Em 1919 uma companhia de engenharia composta por franceses, chamada Paix et Compagnie, de Edmond Paix, recebeu como pagamento do Governo brasileiro, através do Sr. Hercílio Luz, governador do Estado de Santa Catarina, as terras abandonadas da Península do Saí até o Palmital.

A Paix et Cia se dividiu em duas empresas: a Empresa Industrial Agrícola Palmital Ltda., responsável e administradora da região de Três Barras, Urubuquara, Caovi, Rio da Onça, São João e Palmital. Enquanto que a Sociedade Agrícola & Florestal do Sahy, administraria as terras dos Barrancos, Baraharas, Minas Velhas, Sol Nascente, Bom Futuro e o restante da Península do Sahy.[2]

A Empresa Palmital, sob a gerência do francês Alberto Fromaget, montou um porto no Rio Palmital, dando-lhe o nome de Porto Elisabeth. Próximo a este porto, foram construídas: uma Serraria, uma fábrica de palmito, de banana seca, e uma fábrica de conservas para produtos alimentícios como carne, peixes, patê, camarão, entre outros.

Toda a produção era carregada em embarcações, que saiam repletas destes produtos, bem como sapé e madeira beneficiada, e seguiam para Europa, onde eram comercializadas.

Em 1922, o representante dos empresários franceses fez contato com o pai da Professora Maria, pois o mesmo ainda exercia o ofício de topógrafo, e eles precisavam demarcar algumas terras. Também sabiam que o Sr. Antonio tinha uma filha que era professora formada, então fizeram o convite para que ela fosse trabalhar como professora da Colônia.

Apesar da vontade de voltar para casa, a professora Maria rejeitou a oferta, em virtude do compromisso assumido com o Inspetor de Educação e a comunidade de Guaramirim, onde também exerceu a profissão de costureira e lá permaneceu por três anos.

Diante da recusa, os franceses contrataram como professora para Escola da Colônia Hercílio Luz do Palmital, nome oficial da Colônia, a jovem Rosa Ledoux, filha da professora Amália Leal Ledoux, que deu aulas particulares para a menina Maria, na localidade da Freguesia da Glória.

A professora Rosa Ledoux conheceu o jovem e promissor Alberto Schwartz, um dos administradores da Empresa Palmital e o futuro intendente do Distrito.



5) Saudades de Casa

Mesmo estando feliz por estar cumprindo sua missão de educar, a saudades de casa deixava triste a jovem Maria. Enquanto isso, na Freguesia da Glória, seus pais também não estavam contentes com a filha longe de casa, pois não era comum para a época, morar longe dos pais.

A professora Maria Corrêa da Silva era filha de topógrafo e neta do coronel da reserva, o português Felício Corrêa da Silva, muito considerado e bem relacionado entre as autoridades Francisquenses.

Depois de alguns contatos entre o Sr. Antonio e alguns membros do governo, a transferência da professora Maria foi publicada. Foi transferida para uma localidade denominada Frias, bem próxima a Freguesia da Glória, lar de seus pais.

Neste local, Maria ficou durante três anos, porém sua saúde foi ficando cada vez mais debilitada, em virtude dos constantes ataques de malária e por causa disto teve que deixar aquele local.

Em 1927 a pedido do governo municipal de São Francisco do Sul, a professora Maria foi convidada para conhecer a Colônia Hercílio Luz do Palmital. Ficou encantada com o local e não demorou muito para aceitar o convite de dirigir a escola da Colônia.

Não se sabe o porquê, a escola custeada pelos franceses anos atrás, não teve continuidade no Palmital. No entanto, a professora Maria foi autorizada e encarregada de fazer um novo levantamento e arrebanhar o maior número possível de alunos.

Maria Corrêa da Silva foi uma mulher que não se intimidava com desafios. Ela iniciou sua peregrinação em busca de alunos exatamente por São João do Palmital, onde hoje se localiza o centro da cidade catarinense de Garuva.

Em São João do Palmital, a abnegada professora conseguiu realizar trinta e três matrículas. Em seguida deslocou para a Sede da Colônia Hercílio Luz do Palmital, onde matriculou mais trinta e seis crianças, atingindo assim o número de sessenta e nove crianças matriculadas, com idade entre de 7 à 12 anos.

Com apoio e orientação do Diretor Regente da Colonização, o Sr. Alberto Schwartz, esposo da também professora Rosa Ledoux Schwartz, consegui convencer o Sr. Gustavo Larzen, padeiro local e proprietário de um pequeno salão naquela localidade, a ceder um espaço físico para que as aulas pudessem iniciar o mais rápido possível.

Comunidade e autoridades se reuniram e logo as carteiras foram providenciadas. Na segunda-feira, dia quatro de abril de 1927, teve início as primeiras aulas públicas e regulares na localidade do Palmital, hoje bairro do município de Garuva.

Foi sem dúvida uma grande conquista, porém a população de São João do Palmital (Garuva), também ansiava por uma escola, afinal de contas, trinta e três crianças haviam sido matriculadas.

Os ânimos exaltados se acalmaram, quando a habilidosa professora prometeu empenhar-se ao máximo junto às autoridades para que o desejo daquela população se realizasse tanto quanto a do Palmital.

Escreveu ao Sr. Manoel Deodoro de Carvalho, Prefeito de São Francisco do Sul, relatando as dificuldades daquela comunidade sem direito a educação. Depois apresentou ao Prefeito sua colega de profissão Ana da Graça Ferreira, solicitando ao mesmo que a contratasse.

Prontamente o prefeito atendeu sua petição e indicou provisoriamente a professora Ana, até que fosse nomeada pelo Estado, para que desse início as atividades escolares em São João do Palmital, o mais rápido possível.

Nas fontes consultadas não temos a data exata em que foi aberta a primeira Escola em São João do Palmital, atual Garuva, porém podemos deduzir que foi entre 04 de Abril de 1927, data da criação da primeira escola pública em Palmital e 15 de Dezembro de 1927, data que Palmital deixou de ser Colônia para se tornar Distrito.



6) A Criação do Distrito de Palmital

Algumas personalidades e autoridades locais começaram a manifestar o desejo de ver a Colônia se transformar em Distrito, devido ao grande progresso comercial e desenvolvimento urbano que a Colônia apresentava dia-a-dia.

Diante disto, alguns cidadãos respeitados da colônia como os comerciantes Elias Nicolau Saad e Antonio Ladislau de Araújo e também o diretor da Colônia, Sr. Alberto Schwartz, entre outros, formaram uma comissão e foram a São Francisco do Sul, solicitando o início do processo para a criação do Distrito.

Durante a gestão do Sr. Manoel Deodoro de Carvalho, Prefeito de São Francisco do Sul, no dia 15 de dezembro de 1927, foi criado o Distrito de Palmital, tendo como Sede a Colônia Hercílio Luz.

Estavam presentes na solenidade de Instalação do Distrito, o Prefeito de São Francisco do Sul, Sr. Manoel Deodoro de Carvalho, o Dr. Lucas Bering Juiz de Direito da Comarca de São Francisco do Sul e o Sr. Olívio Nóbrega, como Secretário da Prefeitura de São Francisco do Sul.

No ato da Fundação do Distrito foi nomeado como primeiro Intendente, o Sr. Alberto Schwartz, que já administrava a Colônia; como Inspetor de Polícia foi nomeado o Sr. Francisco Alexandre e como Escrivão de Registro Civil, o Sr. José da Costa Cidral. No entanto, devido ao trabalho na Cia. Francesa, o Sr. Alberto Schwartz abriu mão do cargo de intendente e em seu lugar assumiu o Sr. João Vieira Lopes.



7) O Matrimônio

A pequena Maria, que adorava estudar e que nunca se deu por vencida, mesmo quando teve que deixar seu lar e a companhia de seus pais para ir ao encontro de seus sonhos, se deparou com o maior dos desafios, o Matrimônio.

Obviamente que uma mulher a frente de seu tempo, politizada e acostumada a grandes conquistas sociais, só poderia casar-se com um homem com as mesmas qualidades.

Figura 2- O casal Maria e Elias Nicolau Saad
Fonte: Família Saad Benedet

O escolhido foi o comerciante Elias Nicolau Saad, um empreendedor libanês que morava no Distrito desde 1922. Foi um dos membros da comissão que foi até São Francisco do Sul, solicitar a Instalação do Distrito.

Elias Nicolau Saad e Maria Corrêa da Silva, que agora passa a ser Maria Corrêa Saad, casaram-se no dia 12 de Janeiro de 1929, e fixaram residência no Distrito de Palmital. Deste matrimônio, a Professora Maria Corrêa Saad, teve seus nove filhos, porém dois faleceram ainda crianças.



8) A Intendência

No ano de 1930, após a revolução de Vargas, o Sr Elias Nicolau Saad foi nomeado Intendente do Distrito de Palmital, através do comandante do Forte Marechal Luz, de São Francisco do Sul. No entanto, ele era Libanês e não sabia ler e escrever em português, por isso sua esposa, a professora Maria passou a secretariar a intendência ao mesmo tempo em que dava aulas.

Figura 3-Sr. Elias Nicolau Saad
Fonte: Família Saad Benedet


Naquele tempo só havia uma estrada e em péssimas condições, que ligava Palmital até São João do Palmital, atual sede do município. Por isso, as viagens até Joinville eram feitas através da travessia de rios em canoas. Outros ainda usavam o transporte de passageiros, que era feito por uma lancha a motor, que tinha o nome de Margarida, que transportava tanto pessoas, como cargas até a Bifurcação do Palmital, perto de Rio Bonito, onde havia uma estradinha toda estivada de Ripas.

No intuito de mudar esta realidade, algumas medidas foram tomadas no Distrito. Seu intendente Elias Nicolau Saad nomeou dois fiscais, sendo que o Sr. João Evangelista Vieira, ficou responsável pela manutenção da estrada São João Abaixo e o Sr. Francisco Buterker, da estrada Três Barras.

Em 1931, o Sr Elias resolveu abrir uma estrada da Sede do Distrito até Baraharas. Após algumas deliberações, as obras foram iniciadas através de mutirões que envolviam toda comunidade. Um grupo procurava e derrubava madeira e outro tirava. O dinheiro destinado às obras do Distrito era insignificante, por isso o empenho da comunidade foi muito importante.

Foi durante a construção de uma ponte nesta estrada, que o Sr Elias sofreu um acidente, onde foi gravemente ferido em das pernas por uma viga de madeira. Este ferimento deu origem a uma úlcera incurável, e em virtude disto, a Intendência foi transferida interinamente ao Sr. Abílio Maximo, até que o novo Intendente fosse nomeado.

No dia 01 de Agosto de 1934, através da resolução nº 19[3], expedida pelo Sr. Rogério Vieira, Prefeito Municipal de São Francisco do Sul, foi nomeado o Sr. Antonio Ladislau de Araújo, como novo Intendente do Distrito do Palmital.



9) A Transferência

Sem as obrigações da Intendência, a professora Maria pôde dedicar-se integralmente a escola enquanto nas horas livres costurava, até o dia em que recebeu uma visita do Sr. Marcilio Dias de Santiago, Inspetor Escolar.

O Inspetor veio em companhia do Capitão Vieira Cavalcanti, visitar a Escola da Professora Maria Corrêa Saad e disse-lhe que havia sido nomeada para dirigir a escola localizada em São João do Palmital, (Garuva), onde desde 1935 estava instalada a Sede do Distrito.

Em 1937 o casal Elias e Maria Saad, saiu do Palmital e se instalou na nova Sede do Distrito. O Sr Elias Nicolau Saad, era um comerciante muito bem sucedido, pois tinha três casas de comércio, uma em Barrancos outra no Palmital e a terceira em Garuva, onde passou a residir com sua família.

A professora Maria Corrêa Saad, assumiu a regência da classe masculina enquanto a classe feminina ficou sob os cuidados da Professora Suzana Stazak.

Figura 4-Sala de meninas da Professora Suzana Stazak
Fonte:Dorvalina Natali Apud VIEIRA.p111.2007.


A escola de São João do Palmital sempre funcionou precariamente em locais cedidos. Inclusive, até o Batalhão de Sapadores[4] que vieram construir a Rodovia Interestadual, atual Celso Ramos, cedeu um dos galpões que tinha para alojar seus soldados.

Esta rodovia era uma reivindicação muito antiga, em 1928 ela esteve prestes a ser atendida pelo Sr. Washington Luis, então Presidente do Brasil. No entanto, quando os trabalhos começaram, a Revolução de 1930 comandada pelo gaúcho Getulio Dorneles Vargas, acabou com a república do “Café com Leite” (acordo político entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais), e com as pretensões do Distrito de Palmital ter uma rodovia. Assim iniciou um período histórico nacional denominado “Era Vargas”.

Anos mais tarde este projeto foi retomado, e impulsionou a economia do Distrito, principalmente em São João do Palmital.



10) A Nova Sede do Distrito

Em 1930, os empreendimentos franceses fracassaram devido a vários fatores, entre eles podemos citar a falta de manejo dos produtos extraídos e desentendimento entre os sócios. As terras foram vendidas e a massa falida da Florestal do Sahy, no Porto Barrancos foi dividida entre três empresários locais, o Sr. Hans Jordan, que instalou um engenho para beneficiar arroz; o Sr. Elias Nicolau Saad (Elias Zattar), que abriu uma casa de comércio próximo ao Porto, e o Sr. Durval Wolf. Tempos depois, o Sr Elias Nicolau Saad virou sócio do engenho e posteriormente comprou a outra parte, e se tornou o único proprietário da casa de beneficiamento de arroz.

Devido à decadência da Empresa Palmital, houve um aumento da população em São João do Palmital em virtude da construção da rodovia. Devido a este aumento demográfico, as autoridades locais e municipais acharam melhor que a sede distrito fosse transferida para São João do Palmital em 1935.

De acordo com o historiador Gleison Vieira[5]:

Como não havia preocupação em replantar o palmito, ele foi se acabando; os mais antigos, dizem que o palmito era tão abundante e os pés tão próximos que o tronco precisava ser cortado em diversos pedaços para chegar até o chão. Também contribuiu para a falência um desvio de dinheiro muito grande feito pelo administrador da empresa que morava em Joinville, Sr. Wolf; quando o desvio foi descoberto, para escapar da cadeia o Sr. Wolf tomou 25 comprimidos de cafiaspirina (este Medicamento, não é mais fabricado atualmente) e se fez passar por louco; ficou muito tempo internado num hospício em Curitiba e nunca mais se teve informação dele. A abertura da estrada Florianópolis-Curitiba, em 1928 (atual Avenida Celso Ramos) contribuiu para diminuir o movimento do porto Palmital. (VIEIRA. 2007)

Desde 1934, o comerciante Antônio Ladislau de Araújo, (1894-1957), conhecido como “Lalau Gaspar”, exercia o cargo de Intendente do Distrito. Ele foi proprietário de uma Casa Comercial de Secos e Molhados.

Foi pioneiro no transporte público, ao adquirir o primeiro veículo tipo Kombi, unicamente usado para o transporte de passageiros. Posteriormente se associou ao Sr. José da Costa Cidral, conhecido como Seu “Bem-Bem”, que logo se desligou da sociedade com “Seu Lalau” e foi o primeiro empreendedor a ter uma empresa de ônibus no município.

Figura 5-Sr Antonio Ladislau de Araújo
Fonte: O autor reprodução CMG

O Sr. Antonio Ladislau de Araújo, também foi proprietário de um gerador de energia elétrica. Foi o pioneiro na arte de transformar a força das águas caudalosas do Rio do Braço em energia elétrica, energia esta que foi utilizada pela população até 1966.



11) Outro São João, Não!

Durante o ano de 1942 o nome do Distrito foi mudado. O Sr. José Alves de Carvalho Filho, Prefeito Municipal de São Francisco do Sul disse que havia muitos Distritos com o mesmo nome de São João, e isto era motivo de muita confusão. Este prefeito era muito renomado e conhecido por levantar assuntos polêmicos. Foi na sua primeira gestão, que ocorreu a construção do prédio da Prefeitura Municipal de São Francisco do Sul. Esta iniciativa causou muitas discussões, porém a prefeitura foi construída. Na época, além dela, o local também abrigou a Câmara dos Vereadores e o Fórum da Comarca de São Francisco do Sul.

Depois de algumas deliberações e sugestões, o Distrito passou a se chamar Garuva. O nome foi sugerido ao prefeito pelo professor Carlos Alexandre Borges, (1912-1986). Seu Carlito, como era conhecido, falou que Garuva era uma árvore de uma madeira de Lei, que era abundante no local e também contou uma história, que houve um tempo que o principal ponto de referência dos colonizadores e caçadores, era uma árvore de garuva caída sobre o Rio São João, inclusive esta árvore, deu origem ao nome daquela localidade, denominada Garuva Acima.

Figura 6-Sr. Carlos Alexandre Borges (1912-1986)
Fonte: O autor. Reprodução CMG


A partir disto, o Distrito passou a ser chamado de Distrito de Garuva, com sede no atual centro da cidade.



12) Mais Lutas, Mais Conquistas.

As obras da Rodovia interestadual terminaram e conseqüentemente os militares foram embora. Ao levantarem acampamento, desmancharam os galpões que serviram de alojamento, inclusive aquele que serviu de sala de aula. Sem local próprio, a escola passou a funcionar de maneira mista, ou seja, reunida com meninos e meninas, nas dependências do antigo armazém do Sr. Elias Nicolau Saad.

Com o aumento da população, devido à migração do Palmital para a nova Sede, o número de alunos também cresceu, sendo necessário fazer o desdobramento das classes. Nomeada como auxiliar de Inspeção, desde 1942, a Professora Maria Corrêa Saad passou a trabalhar com duas classes, porém tanto ela quanto a professora Ana Clotilde Salomão, recebiam do Estado apenas o pagamento por uma. Além disso, ela inspecionava a região e ministrava cursos introdutórios a outros postulantes a educadores.

No ano de 1945, a Escola contava com seis classes, duas professoras e dois professores substitutos. Entre os professores substitutos estava o Sr. Carlos Alexandre Borges, o mesmo que sugeriu o novo nome do Distrito, e que também dava aulas de educação física. Neste mesmo ano a professora Maria Corrêa Saad coordenou uma forte campanha, objetivando a construção de uma Sede própria para a escola.

O Sr. Antônio Kruguer chegou até a iniciar as obras na presença do Sr. Jaime Ernesto de Oliveira, Prefeito de São Francisco do Sul, que veio para colocar a pedra fundamental, no entanto a obra foi interrompida por motivos meramente políticos.

Somente em 1948, depois de muitas viagens da Professora Maria em companhia do Sr. Carlos Borges em busca de apoio político e financeiro, foi que as obras foram finalmente reiniciadas. Neste mesmo ano, o Sr. Carlos Alexandre Borges, assumiu como o novo Intendente do Distrito de Garuva.

Quando tudo parecia resolvido, a professora Maria teve diante de si uma nova batalha. As várias correspondências e as audiências com o Inspetor Djalma Bento, não o convenceram da importância da criação de uma escola reunida com professores nomeados no Distrito de Garuva. Suas palavras se resumiam apenas em promessas. Inconformada com a situação, a professora Maria precisou fazer algo mais contundente, ainda que temesse represálias por parte do Inspetor, resolveu escrever diretamente ao Sr. Aderbal Ramos da Silva, Governador do Estado de Santa Catarina, através do Departamento de Educação.

Após duas semanas, a Escola foi criada e pouco tempo depois as professoras nomeadas. A professora Maria Corrêa Saad foi elevada ao cargo de Diretora da Escola.


Figura 7-Apresentação teatral dos alunos da recém construída , Escola Reunida Carmem Seara Leite. Garuva, 1950. Ao fundo entre os professores da esquerda a Professora Maria Corrêa Saad.
Fonte: Família Saad Benedet.



Quem não gostou desta história, foi o Sr. Djalma Bento, pois foi transferido para outra região, porém, antes viajou até o Distrito de Garuva para reclamar da atitude da Professora Maria. Alegou que a ação dela, em escrever ao governador o prejudicou muito.

Fatalmente antes de mudar-se para outra região, o Sr. Djalma Bento faleceu em 1948. Ele era formado pela Escola Normal Catarinense. Foi homenageado pelos relevantes serviços prestado à Beneficência dos professores de Santa Catarina e seu nome foi eternizado na cidade catarinense de Rio Rufino onde está localizada a Escola de Educação Básica Professor Djalma Bento.

Extenuada pelas constantes lutas, em 1949 nossa professora resolveu pedir sua aposentadoria e assim que seu pedido foi aceito, ela se despediu com o coração cheio de esperanças que daquele dia em diante nada mais poderia atrapalhar a educação de Garuva.

Foi substituída pela professora Mafalda Meurer até o final de 1949. No ano seguinte, o Senhor Prefeito de São Francisco do Sul, inaugurou o novo prédio escolar totalmente imobiliado. A filha mais velha da professora Maria, a Sra. Astyr Saad, foi nomeada professora e Diretora da nova Escola do Distrito de Garuva, as Escola Reunidas Carmem Seara Leite.



13) A Crise Econômica e o Fim do Ciclo do Arroz

O Sr. Elias Nicolau Saad foi um comerciante muito bem sucedido. Adquiriu um engenho para beneficiar arroz e construiu um galpão de dois pavimentos às margens da Av. Celso Ramos, onde anos depois se instalou a Cooperbanana e recentemente a indústria Mexportim Comércio Manufaturados Ltda., atualmente este imóvel é propriedade do Estado.


Figura 8- Galpão construído pelo Sr Elias Nicolau Saad, para implantação do Engenho. Na época a cobertura era de telha. Atualmente este Imóvel pertence ao Estado de Santa Catarina.
Fonte: O autor.

Enquanto sua esposa lutava em prol da educação garuvense, Seu Elias Nicolau Saad trabalhou muito, apesar da sua enfermidade. Neste prédio, ele fazia o beneficiamento do arroz que comprava dos produtores, através de um descascador movido a vapor. A relação entre Seu Elias Zattar, como era conhecido, e os colonos, era muito amistosa, pois além de comprar toda produção, fornecia aos agricultores mercadorias e gêneros alimentícios durante o ano todo, flexibilizando o pagamento somente para a colheita.

Os negócios da Família estavam indo muito bem, até que se iniciou uma crise no ciclo do arroz e o Sr. Elias Nicolau Saad, talvez tenha sido uma das maiores vítimas desta crise, pois todo seu investimento estava empregado neste segmento. Ele havia comprado e estocado uma grande quantidade de arroz por um preço muito alto e na hora da venda os preços tiveram uma queda muito brusca. No princípio, ele tentou segurar o estoque para ver se a situação melhorava, no entanto a crise foi se agravando cada vez mais e os recursos da família Saad terminaram.

Sem condições e a beira da falência, foram obrigados a vender as propriedades que ainda tinham, como uma casa na localidade de Barrancos, uma propriedade no Palmital e muitos outros terrenos avulsos. Devido ao excelente relacionamento que mantinha com os agricultores, não foi difícil para o Sr. Elias Nicolau Saad conseguir um empréstimo para recomeçar. Com o dinheiro do empréstimo ele conseguiu reabrir um pequeno comércio onde trabalhou até seu falecimento.

Figura 9-Antigo comércio do Sr. Elias Nicolau Saad Filho, construído no local onde se localizava a loja "Armarinhos Saad", loja de aviamentos e tecidos da Sra. Maria Corrêa Saad.Fonte: O autor



14)O Nascimento do Município de Garuva

O município de Garuva começou a surgir com a eleição do vereador Dórico Paese, para a Câmara Municipal de São Francisco do Sul, nas eleições de 1962. Este empreendedor, desde 1957 prestava serviços na abertura de estradas ligando o Saí Mirim às praias de Itapoá, se tornou um garuvense por opção.

A partir desta eleição, não demorou muito para circular alguns rumores sobre a emancipação do Distrito de Garuva pelos corredores da Câmara Municipal. Depois de algumas deliberações e audiências, a casa legislativa Francisquense aprovou e o Sr. Celso Ramos, Governador do Estado de Santa Catarina sancionou através da Lei nº 953, de 20 de Dezembro de 1963 a criação do Município de Garuva.

Apesar da emancipação do Município, ele foi instalado somente no dia 29 de fevereiro de 1964. Após a instalação, Garuva teve dois prefeitos nomeados, o Sr. Olívio Nóbrega e o Sr. Raul Slamma, que governaram provisoriamente até a posse do novo prefeito eleito, nas eleições de 15 de novembro de 1965.

Durante a cerimônia de Instalação do Município e posse do prefeito provisório, a professora Maria Corrêa Saad, esteve presente e discursou às autoridades e convidados. Em seu pronunciamento se colocou a disposição do Sr. Olívio Nóbrega, no intuito de contribuir com o município, inclusive dispôs uma parte do prédio onde funcionava a beneficiadora de arroz, a antiga Cooperbanana, para sediar provisoriamente a Sede da nova administração do município. A seguir o trecho da Ata de Instalação do Município de Garuva datada em 29 de Fevereiro de 1964[6].

[...] Aos vinte e nove (29) dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e cinqüenta digo de mil novecentos e sessenta e quatro (1964), numa das salas da Prefeitura Municipal de Garuva, às onze oras.[...]Deu por instalado o município de Garuva, criado pela Lei nº. 953, de 20 de dezembro de 1963, publicada no Diário da Assembléia Legislativa do Estado, em 15 de Janeiro de 1964. A seguir, declarando livre a palavra a quem dela quisesse fazer uso, falaram os Srs. Celso Amorim Salazar Pessoa, dona Maria Corrêa Saad, Sr. Dórico Paese, Sr. Colatino Belem, Sr. Uirassu Alves de Carvalho, Sr. Nicola Baptsista, Sr. Lucindo Costa, o Revdo. Padre José Novack, alunos da Escola Estadual local, e, finalmente o Sr. Prefeito Municipal Olívio Nóbrega, dizendo a todos eles em palavras repassadas de entusiasmo e civismo, da confiança.[...](Trecho da Ata de Instalação do Município de Garuva, em 29/02/1964.)

Em Janeiro de 1966, assumiu o governo do município o Senhor Dórico Paese, primeiro prefeito eleito de Garuva, e no mesmo dia tomou posse a Primeira Câmara de Vereadores de Garuva, composta pelos seguintes vereadores: Pedro Mikos, Rudolfo Unlauf, Werner H. Radun, Orlando Sebastião dos Santos, Tarcísio Reinert, João Vieira Lopes Júnior, e o Sr. José Ossowiski, que foi eleito Presidente da Câmara. Neste dia histórico, a professora Maria Corrêa Saad, orgulhosamente testemunhou a realização de um sonho.

Esta administração teve grandes dificuldades, devido à ínfima receita do município advinda apenas de três ou quatro casas comerciais e duas serrarias. A situação ficou ainda pior devido à histórica morosidade do governo em despachar as verbas requisitadas.

Figura 10- Ex-Prefeito de Garuva. Sr Dórico Paese. Garuva, 1970.
Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Garuva

O novo prefeito tomou providências polêmicas, como a cobrança de pedágio. Certa vez, o Sr. Pedro Colin, Deputado Estadual de Santa Catarina, negou o pagamento alegando que a cobrança era inconstitucional. O ato do deputado foi repreendido severamente pela Administração Municipal, culminando em uma “Moção de Repúdio ao Deputado Pedro Colin. Mal começaram a administrar o município, e seus novos governantes perceberam que a tarefa não seria nada fácil.



15) A Partida do Companheiro e Amigo.

Desde aquele fatídico ano de 1931, o Sr. Elias Nicolau Saad lutou contra uma úlcera (ferida Crônica) na perna, resultado de um acidente de trabalho causado por uma viga de madeira enquanto construía uma Ponte que ligaria as localidades de Palmital e Baraharas.

Outro mal que afligiu o Seu Elias, foi a falência do seu empreendimento, resultante da crise que se abateu sobre a Rizicultura da época. Ainda assim encontrou forças e amigos que o ajudaram na reabertura de uma pequena casa comercial. O Sr. Elias Nicolau Saad foi um dos maiores investidores e incentivadores do nosso município, e as lembranças que são relatadas por seus amigos, revelam como era o Seu Elias “Zatta, como era popularmente conhecido.

O historiador Gleison Vieira[7], em seu livro Porto Barrancos, Berço de Garuva, traz nas páginas 184 e 185 algumas declarações sobre o Sr. Elias Nicolau Saad.

[...] o Senhor João Maçaneiro – que trabalhou de carroceiro para o “Seu Elias Zattar” – traz à tona uma lembrança (das tantas que povoam suas memórias): ... O “Seu” Elias Zattar comprou os negócios do velho Worf (...). O Seu Elias trabalhava com o arroz em alta escala – de uma só vez comportava até 45 mil sacas de arroz para beneficiar. Nos Barrancos ele beneficiava arroz não somente dali, mas também do Bom Futuro, do “Saízinho” e do Saí-Guaçu. (Senhor João Maçaneiro, 2006). [...] O Senhor João Maçaneiro ainda expõe um lado muito interessante a respeito da importância do “Seu Elias Zattar” para as imediações:... O ‘Seu’ Elias Zattar vendia fiado durante o ano inteiro, para ‘esses’ homens trabalharem na roça, acertando as contas após a safra (...). O Seu Elias era um ‘turco bom’, foi o ‘pai da pobreza’ aqui nos Barrancos (...) E eu digo isso porque eu era carroceiro do ‘Seu’ Elias, (...) homem muito bom... (Senhor João Maçaneiro, 2006).[...]. Como carroceiro do ‘Seu Zattar’, eu levava a carroça carregada até Carrapatinho, pois lá havia um picadão que aquele povo usava, vindo pelo mato. (...) Primeiro eles vinham a pé (...), já traziam um facho de ripa ou de araribá para a volta à noite. Faziam então a compra na venda e, após isso, ‘pinxavam’ dentro da carroça e eu ia levar até o tal picadão – onde a carroça não passava direito (...) Chegando lá é que se descarregava – e tinha uns burrinhos com cangalhas. Depois de carregar a compra no lombo dos animais, já de noite, eles seguiam para o ‘Chiqueiro’, indo picadão a fora. Quem fazia a compra e a condução dos animais era o tal Marco Serra. (Senhor João Maçaneiro, 2006).[...]

No dia 28 de Novembro de 1968, aos setenta anos de idade, faleceu um dos mais importantes colonizadores do Município de Garuva.

Na Ata do dia 10 de Dezembro de 1968, da Câmara Municipal de Garuva, o ex- empregado que exercia a função de mecânico do engenho e então Vereador Osvaldo Grum, solicitou uma homenagem póstuma a este cidadão garuvense e depois de um minuto de silêncio o Sr. Dórico Paese, Prefeito Municipal, disse as seguintes palavras:

[...] “Elias Nicolau Saad, homem afeito a luta e aqui quando ainda longe, de ter este município as mínimas condições de sobrevivência, abraçou Elias Nicolau Saad esta terra, mas, sabendo das lutas e dos sacrifícios, que iria enfrentar. Homem que jamais se dobrou diante das dificuldades, aqui se estabeleceu. No serão bruto, constituiu a sua família, e hoje é um exemplo de trabalho e estes seus filhos prestam relevantes serviços em todos os setores da vida comunitária. Deixou Elias Nicolau Saad, um exemplo a ser seguido. Exemplo da fé, que sempre teve e nunca esmoreceu pois, que todo o centavo que conseguia amealhar com duro sacrifico, empregou neste município. Eis porque, homens deste quilate, não podem ficar esquecidos na história do Município. Proponho aos senhores vereadores, para que se faça uma proposição, e que se de o nome Elias Nicolau Saad, a uma das principais Avenidas desta cidade imortalizando assim, o homem exemplar que foi”.(Ata da 10ª Sessão da Câmara Municipal de Garuva. Realizada no dia Dez de Dezembro de 1968. Livro 01. Fl.56)[8]

O Sr. Elias Nicolau Saad deixou sua esposa e companheira, com quem dividiu sonhos, vitórias e derrotas na busca de um mundo melhor. Deste casamento vitorioso com a professora Maria Corrêa Saad, teve nove filhos, dos quais dois morreram ainda crianças, porém os demais receberam aquilo que o casal mais valorizava, uma excelente Educação:

Desse consorcio tive 9 filhos, dois faleceram pequenos, ficaram 1º Astyr Saad: Normalista , foi professora e diretora nas escolas Reunidas Carmem Seara Leite em Garuva por três anos e agora é diretora e supervisora num grupo em Curitiba; 2º Enock Elias Nicolau Saad Dr. Em direito residente em São Paulo. 3º Elias Nicolau Saad Filho que vai lutando com dificuldade com uma casa de comercio em ponta pequeno. 4º Samir Oseas Saad. Dr em Direito e chefe de Distrito de toda a Patrulha Rodoviária Catarinense, residente em Florianópolis. 5º Lisete Maria Saad- Regionalista deu aula também nas escolas Reunidas durante três anos, hoje Catequista na Paróquia Santo Antônio em Joinville. 6º Asenet Maríen Saad – Dra em Ciências Contábeis – “Em Curitiba” – Dra. Em administração de empresa. Dra. E administração hospitalar. 7º Magzara Maria Saad – Professora e supervisora da merenda Escolar, e catequista aqui na Paróquia São João Batista – Garuva. Por tanto todos receberam boa educação e estão todos casados.

Figura 12-Sobradinho da Família Saad, construído no local onde estava localizado o armazém do Seu Elias. No portão suas filhas Asenete (sentada) e Magzara em pé.
Fonte: Família Saad Benedet


16) O Reconhecimento


Depois do falecimento de seu esposo, a professora aposentada Maria Corrêa Saad, continuou na administração da loja de aviamentos. Com muita economia e perseverança conseguiu cumprir com todas as obrigações e terminou de pagar os últimos empréstimos em 1978.

O reconhecimento publico pelos serviços prestados em Garuva, foi durante a administração municipal do Sr. Saul Domingos Zamboni, que homenageou a Sra. Maria Corrêa Saad, por sua vida dedicada a educação e cultura do nosso povo. Pelos relevantes serviços prestados ao nosso município, Dona Maria foi convidada para inaugurar uma Escola ao lado da Igreja Católica, na localidade do Palmital denominada: “Escola Professora Maria Corrêa Saad”.

No dia 20 de Dezembro de 1984, em companhia da filha Astyr Saad, (primeira Diretora da Escola Reunida Carmem Seara Leite), a professora Maria Corrêa Saad participou da cerimônia de abertura da Escola. Na ocasião autoridades, familiares e comunidade em geral prestigiaram o evento. Com breves palavras a exímia oradora Maria Corrêa Saad, agradeceu por ser lembrada. Também discursaram membros da família e autoridades locais.

Figura 13-Maria Corrêa Saad e Astyr Saad. Na inauguração da Escola do Palmital em Dezembro de 1984. Fonte: Família Saad Benedet

Anos mais tarde por decisão do governo municipal, algumas escolas isoladas foram desativadas e os alunos foram transferidos para uma Escola recém construída próximo ao centro do município. Segundo aquela Administração as transferências foram feitas, pois manter as Escolas Isoladas estava ficando inviável, não restando alternativas senão o fechamento de algumas, entre elas foi desativada a Escola Professora Maria Corrêa Saad.

Fomos até o local para ver como estavam as instalações e o que vimos foi deprimente. A escola estava caindo aos pedaços por falta de manutenção e algumas dependências que estão sendo usadas por posseiros. Conhecendo as dificuldades passadas pela nossa educadora, que no início teve que pedir emprestado um local para ensinar, com certeza esta imagem a decepcionaria!


Figura 14-Instalação onde funcionava a Escola Prof.ª Maria Saad, na localidade do Palmital. Garuva, 2011. Fonte: O autor

Os alunos das escolas desativadas foram transferidos para uma escola recém construída, a Escola Municipal Vicente Vieira, sediada no bairro Geórgia Paula, próximo ao cento de Garuva, recebeu este nome para homenagear o garuvense Vicente Vieira, que foi Pedagogo e faleceu em um acidente automobilístico na BR 101 no dia 08 de abril de 1993 aos 45 anos, deixando três filhos e a família enlutada.

Figura 15-Pedagogo Vicente Vieira (1948-1993).
Fonte: O autor. Reprodução CMG.


17) O Mito da troca de Nome

Quando mencionamos o nome da professora Maria Corrêa Saad, algumas pessoas citam a história entre a troca de nomes que teria ocorrido na Delegacia de Educação. Dizem que o nome “Carmem Seara Leite” seria de uma escola inaugurada em Garopaba – SC, enquanto que “Maria Corrêa Saad” seria o nome da nova escola estadual de Garuva.

No entanto observe um trecho do artigo publicado pelo Jornal A Noticia, no dia 08 de abril de 2003, no caderno Anexo, com o título: Professora Emérita, escrito pelo Sr. Enoch Elias Saad[9]:

[...] Sempre reservada e humilde, jamais poderia imaginar que uma professora de um município subdesenvolvido pudesse, ainda em vida, dar seu nome uma escola do Estado. Essa foi uma homenagem outorgada pelo ilustre governador Celso Ramos, cuja unidade se situa no município de Garopaba. [...] (Enoch Elias Saad, advogado, Balneário Camboriú [. 2003).]

O Governador Celso Ramos[10]assumiu o governo de Santa Catarina em 31 de janeiro de 1961, e governou até 30 de junho de 1963, ou seja, quando o Sr. Celso Ramos foi governador, a Escola Reunida Carmen Seara Leite, já havia sido inaugurada a mais de uma década.

Figura 16- Escola de Educação Básica Maria Correa Saad. Garopaba-SC.
Fonte: Internet

Fizemos contato com a Secretaria de Educação de Garopaba, através da Sra. Maria Eugênia da Silva. Ela confirmou que também ouviu esta história de troca de nomes, porém desconhece o fato de ter existido na cidade de Garopaba, uma professora com o nome de Carmem Seara Leite. A mesma sugeriu que fizéssemos uma pesquisa na cidade de Palhoça - SC, uma vez que Garopaba já foi seu Distrito. No entanto, também não tivemos êxito em localizar a origem da Sra. Carmem Seara Leite.

Outro indício de que a troca de nomes é um mito, foi uma citação da própria Professora Maria Corrêa Saad em sua autobiografia: “deram o nome de Escola Carmem Seara Leite”, referindo-se ao prédio escolar que tanto lutou pela construção.

O ex-Vereador Alexandre Saad Benedet, nos disse que durante a Legislação Municipal 1997-2000, o Vereador Jorge Brassanini, enviou uma Moção ao Estado, solicitando a troca do nome “Carmem Seara Leite” por “Maria Corrêa Saad”. Segundo ele, o estado nunca deu uma resposta à Moção enviada.

Quem sabe um dia esta geração ou as seguintes, farão justiça à nossa educadora, colocando o seu nome em uma nova escola no nosso município, que tão cedo não fechem as portas.



18) Eu Conheci Dona Maria Corrêa Saad.

Ex-aluno da Dona Maria.

O filho do “Seu Zé-Quilia” (1908-1999), e Dona Mathilde, (1913-1989), o Sr. José Vieira, nasceu em 06 de outubro de 1936 no Distrito de São João do Palmital, atual Garuva. O Senhor “Zé” Vieira, com seus 74 anos, falou orgulhoso que é o morador mais antigo nascido em Garuva. Disse que na época existiam apenas algumas famílias, no máximo dez, que moravam às margens da Estrada, hoje Celso Ramos. Sorrindo, lembrou que naquele tempo os moradores conheciam até os bichos, como cavalo, boi e cachorro dos vizinhos pelo nome.

Ele conheceu a Professora Maria Corrêa Saad, pois foi seu aluno durante três anos. A sala de aula era nas dependências do antigo armazém do Sr. Elias Nicolau Saad. Havia apenas uma classe, onde tinha mais ou menos 35 alunos que cursavam a 1ª, 2ª e 3ª série, nível máximo de ensino em Garuva até 1949.

Da professora Maria, o Seu “Zé” Vieira, só tem boas lembranças, contou-nos que ela era uma pessoa muito carinhosa e atenciosa com os alunos. Relatou ainda, que uma ou duas vezes por ano, recebiam a visita do Inspetor Nicolau, da cidade de São Francisco do Sul. Disse que todos os alunos o recebiam ficando de pé ao lado da carteira e só sentavam quando o Inspetor autorizava. Tudo sob o olhar dócil e carinhoso da Professora Maria.

Em 1950, a escola mudou-se para o prédio novo, onde hoje funciona a Delegacia de Garuva e a partir daquele ano foi implantado o ensino até a 4ª série. O Sr. José Vieira, fez parte desta turma, porém deixou de ser aluno da professora Maria que havia pedido sua aposentadoria. Emocionado ainda nos disse:

Figura 17-José Vieira. Ex-aluno da Professora Maria Corrêa Saad.
Fonte: O autor

“Uma das coisas que eu jamais vou esquecer, foi o dia em que às nove horas da manhã, ela dispensou os alunos e logo depois foi dar a luz, pois deu aula até o último momento. Três ou quatro dias depois ela apareceu na escola, para dar aula novamente, e dizia toda orgulhosa que o neném era uma menina. Por isso, eu nunca vou esquecer que em 1946, foi o ano de nascimento da Magui, a filha mais nova da professora Maria.” (José Vieira. 2011).



Ex-freguesa da Dona Maria.

A filha do Senhor Defendi Francisconi, (1923-1978) e Maria Fragnani Francisconi, a Sra. Luiza Francisconi Arceno, nascida em 06 de abril de 1953, veio para Garuva no ano de 1970.

A Dona Luiza exerceu muitas funções, tais como: cozinheira, lavadeira, empregada doméstica, artesã entre outras. Também exerceu alguns cargos públicos como Vereadora, Presidente da APAE, Diretora da APAM, Diretora Creche Municipal Frei José Bertoldi e Diretora da Escola Especial Sofia Araújo, da qual foi uma das fundadoras.

Ela lembra com carinho da Dona Maria Saad, pois também costurava e comprava aviamentos na pequena loja de tecidos e aviamentos, chamada “Armarinhos Saad”.

Figura 18-Luiza Francisconi Arceno. Foi freguesa da "Armarinhos Saad”.
Fonte: O autor


“A Dona Maria era uma pessoa muito boa e sempre recebia muito bem a gente, mesmo com dores nas pernas ela nunca deixou de dar atenção aos clientes. Ela vendia “fiado” marcando no caderno. Muitas vezes fui pagar minha conta e ela estava deitada em uma cama atrás do balcão da loja, por causa das dores. Eu pegava o caderno e levava até ela, que somava e cobrava a minha conta. Porém a lembrança mais forte que tenho dela, é que sempre perguntava como estavam as minhas crianças, pois sempre foi muito caridosa e nunca deixava a gente sair sem levar algo para as crianças, ainda que fosse algumas carambolas do pé plantado em seu quintal, próximo a lojinha”. (Luiza Francisconi Arceno. 2011).


19) O Merecido Descanso

A professora Maria Corrêa Saad trabalhou incansavelmente até os últimos meses, costurando e tricotando para os familiares. Ela ainda lia jornais e costurava com grande habilidade, e nunca teve a necessidade de usar óculos.

Nos últimos meses de vida, Dona Maria começou a perder um pouco da sua lucidez, e no dia 09 de Janeiro de 1993, faltando três meses para completar 90 anos, a Sra. Maria Corrêa Saad faleceu, vítima de uma parada cardíaca quando estava em sua residência, na presença da filha Magzara (D. Magui) e do neto Alexandre.

No último parágrafo da sua autobiografia, Dona Maria Corrêa Saad, escreveu as seguintes Palavras[11]:

“Trabalhei muito na política ao lado do Snr. Olívio Nóbrega, pelo progresso deste município e agora ao olhar para esse prédio da Cooperbanana. Sinto-me orgulhosa por ver que nosso trabalho não foi em vão, pois essa cooperativa está assentada sobre o alicerce fundamental do progresso que eu e meu esposo construímos. Espero ver este município cada vez mais progressivo nada desejando para mim, mas para o bem do povo de Garuva.” (Professora Maria Corrêa Saad. 1903-1993).

No seu sepultamento, familiares, amigos e muitas autoridades locais, se fizeram presente, apesar da abundante chuva de verão que caiu. Todos queriam dar o último “adeus” à menina que um dia sonhou ser professora, e através deste sonho, transformou a história e a vida dos garuvense, que aqui nasceram e também daqueles que escolheram esta cidade como seu novo Lar.


20) Conclusão

A obra da professora Maria Corrêa Saad não pode ser esquecida por esta geração e pelas que virão. Seu exemplo de luta e perseverança, deve sempre servir de inspiração àqueles ou àquelas que sentirem o desejo de fazer a diferença no mundo, apesar da nossa breve existência.

Nas campanhas eleitorais de 1996, o candidato a Vereador Alexandre Saad Benedet, lembrou aos eleitores das lutas e conquistas de sua avó materna, a professora Maria Corrêa Saad. Foi eleito, e se tornou um dos vereadores mais jovens de Santa Catarina, e em 1999, foi escolhido pelos seus pares para assumir a Presidência da Câmara Municipal de Garuva.

É impossível separar a vida e a obra da Sra. Maria Corrêa Saad da história político-social do Município de Garuva, pois a todo o momento elas se fundem. Pois como falar da professora Maria, sem mencionar seu grande companheiro Elias Nicolau Saad e outros parceiros importantes na construção do município, como por exemplo, o companheiro educador Carlito Borges.

Esta Garuva que hoje vislumbramos com certeza, ainda não é aquela que os fundadores sonharam para nós, porém a contribuição deles foi até encontrar outros que vieram e ainda os que virão para fazer sua parte na grande obra comunitária da construção de um lugar com saúde, segurança e principalmente educação para todos.

Diante disto, quando perguntarem quem foi a Professora Maria Corrêa Saad, respondam sem titubear que ela foi uma visionária que nasceu com a preciosa missão de educar.

Esperamos resgatar com este trabalho um pouquinho da vida e da obra desta professora, para que os futuros Josés, Joãos, Pedros, Marias, Samantas e Edevânios, não fiquem se perguntando quem foi a Professora Maria Corrêa Saad, mas saibam, que foi uma Garuvense de Coração e Mestre por Vocação.



21) Referências

ATA de Instalação do Município de Garuva, em 29 de fevereiro de 1964.

ATA nº 01 da Câmara Municipal de Vereadores de Garuva. 8ª Sessão/1ª Sessão Extraordinária de 09 de Abril de 1966. Fls. 16,17 e 18 A.

ATA nº 01 da Câmara Municipal de Garuva. 10ª Sessão, Realizada no dia Dez de Dezembro de 1968. Livro 01. Fl.56.

BLOG da Escola de Educação Básica Maria Correa Saad Disponível em: http://appsaad.blogspot.com/. Acesso em: 15/12/2010. CATARINENSE, Grande Enciclopédia

Catarinense. Garuva: Paraíso das Águas. Guaramirim. Editora Ana Paula. Abril. 2003.

NOTÍCIA. Jornal A , dia 08 de abril de 2003, no caderno Anexo, Professora Emérita, Enoch Elias Saad

PIAZZA, Walter: Dicionário Político Catarinense. Florianópolis: Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1985.

SAAD, Maria Corrêa. Autobiografia não publicada. Garuva. 1983/1984.


VIEIRA. Gleison. Porto Barrancos, Berço de Garuva. Joinville. Ed. Letradágua. 2007.


[1]. CATARINENSE, Grande Enciclopédia Catarinense. Garuva: Paraíso das Águas. Guaramirim. Editora Ana Paula. Abril. 2003.

[2] VIEIRA. Gleison. Porto Barrancos, Berço de Garuva. Joinville. Ed. Letradágua.2007.

[3] VIEIRA. Gleison. Porto Barrancos, Berço de Garuva. Joinville. Ed. Letradágua. p.188.2007.

[4] Sapador é a denominação genérica dada aos soldados do Exercito, destinadas a trabalhos de engenharia, sobretudo nas áreas da mobilidade e contra-mobilidade. A palavra Sapador tem origem em Sapa, uma espécie de pá metálica

[5] VIEIRA. Gleison. Porto Barrancos, Berço de Garuva. Joinville. Ed. Letradágua. P.165.2007.

[6] Trecho da Ata de Instalação do Município de Garuva, em 29/02/1964

[7] VIEIRA. Gleison. Porto Barrancos, Berço de Garuva. Joinville. Ed. Letradágua. P.184 e 185.2007.

[8] Ata da 10ª Sessão da Câmara Municipal de Garuva. Realizada no dia Dez de Dezembro de 1968. Livro 01. Fl.56

[9] Jornal A Noticia, no dia 08 de abril de 2003, no caderno Anexo, Professora Emérita,Enoch Elias Saad[9]:

[10] PIAZZA, Walter: Dicionário Político Catarinense. Florianópolis: Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina, 1985.

[11] Professora Maria Corrêa Saad. Autobiografia não publicada. Garuva.1983/1984.

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